DÊ-NOS A SUA OPINIÃO, SE GOSTARAM OU SE PODEMOS ALTERAR ALGUMA COISA
OBRIGADO AOS PARTICIPANTES
O programa do 5º Encontro de Motards dos Serviços prisionais prometia um fim de semana em “ cheio” num cenário espectacular, mas as nuvens estavam já a espreita e ameaçavam os planos de quem queria desfrutar 2 dias diferentes de lazer.
No entanto, contrariando as intenções do mau tempo, os motards foram se concentrando no parque de estacionamento do EPRG., chegando em pequenos grupos, ao longo da manhã de sábado.
Feito o check-in e dado o sinal de partida, a “ caravana” de motociclistas (dezenas de motards) escoltada por um carro patrulha da PSP, depois de um passeio pela cidade ( Torre de Menagem, Sé da Guarda, centro da Cidade e Câmara Municipal) dirigiu-se até ao Sabugal, onde no único Castelo de Cinco Quinas de Portugal, foi servido um Porto de Honra oferecido pela Câmara Municipal do Sabugal.


Alguns Cavaleiros do Asfalto aproveitaram para passear pelas muralhas do castelo de onde a vista sobre a vila é mais privilegiada. Aí, juntou-se também um grupo de motards da Vila do Soito que participou no convívio, até ao fim do dia, na Quinta das Sereias ( situado entre Nave e Alfaiates) onde todos almoçaram ao ar livre, num parque agradabilíssimo.
A seguir ao almoço, os Cavaleiros do Asfalato e convivas do EPRG que compareceram ao evento, dirigiram-se para a pequena praça da sumptuosa propriedade onde muitos tiveram oportunidade de pegar pela primeira vez ao forcão, perante o olhar e as ovações de um público que se revelou entusiasta e divertido, durante a (improvisada) garraiada, cada vez mais imagem de marca desta região raiana.
Os participantes fizeram mostras de coragem e extravasaram a sua afición com belíssimos cortes, pegando ao forcão e sofrendo ainda algumas “ cojidas“ (cambalhotas) que resultaram apenas em algumas ligeiras escoriações. Houve até quem desse espectáculo com alguns lances de capa, revelando arte de tourear… só faltaram mesmo uns pares de bandarilhas!
Muitos aproveitaram para dar uns mergulhos na piscina ( coberta) da quinta…uma situação caricata: houve quem mergulhasse “de cabeça” numa parte pouco funda…e sem capacete! O salto mortal não teve consequências trágicas à primeira vista … só tempo o dirá.
O Jogo da Malha e a Sueca foram pretextos para um óptimo convívio ao ar livre assim como no Bar permanentemente aberto, onde cervejas e águas frescas eram servidas por simpáticas empregadas da Quinta das Sereias.
A ementa do jantar incluía Cabrito da Região e Truta do Côa ( rio cuja nascente se encontra nos Fóios). O ambiente esteve bastante animado. No final da refeição, a Direcção do EPRG distribuiu prémios de participação atendendo os seguintes critérios:

Prémio para o maior Grupo de Motards:

Grupo de motards do Estabelecimento Prisional de Coimbra

Prémio para o participante que veio de mais longe:

Motard do Estabelecimento Prisional de Odemira

Observação: este último motociclista teve a infelicidade de a sua mota avariar no início da viagem ainda no Alentejo. Não deixando de comparecer ao evento, apareceu de automóvel!

Foi ainda realizado o sorteio do EPRG, tendo sido premiados os seguintes números:

1º Prémio : Uma Bicicleta TT José Valente Dias de Aldeia da Ribeira
2º Prémio: Fernando Manuel freire
3º Prémio: Blusão Dona Lúcia ( Os Velhotes) Guarda Gare
4º Prémio: Surpresa António Manuel Santos Lourenço

Muitos optaram por acampar no parque de campismo da Quinta, onde pernoitaram… alguns, só mesmo a seguir a uma fuga nocturna até ao Soito e outros recantos da Raia….
No dia seguinte, desta vez sob uma chuva intensa, o passeio prosseguiu até ao castelo de Vilar Maior. O mau tempo não permitiu que se fizesse uma visita muito prolongada…a foto de grupo prevista acabou por não ser realizada. Era urgente encontrar um abrigo!
Foi nos Forcalhos, uma aldeia da Raia, que os motards tomaram um Porto de Honra, oferecido pela Junta de Freguesia com o apoio da Associação Recreativa e Cultural dos Forcalhos na Antiga Escola Primária. Alguns populares apareceram no local para conhecer de perto esses cavaleiros motorizados de passagem por uma terra onde touros e cavalos são elementos de uma tradição secular: a capeia.
A chuva parara de cair. Energias repostas e enxugados os fatos dos motociclistas, todos seguiram em direcção ao Sabugal, até a Casa do Benfica, onde caldo verde, sardinha assada e carne grelhada esperavam os aventureiros solitários. O local do almoço teve que ser, de forma improvisada, alterado na última da hora, devido às condições climáticas desfavoráveis que não permitiram que o repasto se realizasse ao ar livre, no parque de merendas junto ao Santuário de Nossa Senhora da Graça ( perto da barragem do sabugal). No final do almoço, todos se despediram calorosamente com a certeza de terem passado um fim de semana no mínimo original por terras arraianas.

A Direcção da Associação agradece a todos quantos ajudaram a preparar e a concretizar este evento enaltecendo ainda o voluntariado de muitos que, incondicionalmente, se empenharam na realização do 5º Encontro de Motards dos Serviços Prisionais.

MARCHA DO TINTINOLHO


Parabéns a todos ...àqueles que se levantaram cedo da cama e aos que apanharam com o calor das brasas lá em baixo , junto ao Mondego.

“ A vida é mais curta do que pensamos , apenas uma ilusão onde depositamos os créditos do nosso trabalho...”

Por esse motivo é que as pessoas devem fazer uma pausa, parar por uns instantes, despirem-se de horários, preocupações e compromissos e trocar tudo isto por uma conversa e um sorriso com seus colegas e amigos .
Foi precisamente o que aconteceu num domingo de Julho. Às oito horas da manhã havia um vento apressado e o céu estava coberto de nuvens que brincavam com o sol. Junto á porta da cadeia iam-se juntando, viram passar o Guerra com o atrelado das canoas , adivinhava-se um dia bem passado.
Atravessaram as Lameirinhas , desceram ao chafariz, seguiram pela calçada romana lajeada de pedras desgastadas pelo tempo, atravessaram um rego de água que se perdia pelas urtigas e os miltrastes. Quando deram conta estavam já a descer a encosta , além do eco da conversa animada e das gargalhadas ouvia-se o zumm...zumm.. das ventoinhas heólicas. O contraste da natureza pura e intocável que o homem teima em cicatrizar.
Ao longe avistava-se o castro do Tintinolho. Um sistema montanhoso isolado de difícil acesso, outrora com implantações típicas dos povoados da idade do ferro .
- Vamos lá, não vamos?
Uns foram outros ficaram. Aquele desvio valeu-lhes uma hora e meia. Foram por um caminho de tom amarelado rodeado de pequenos arbustos e de ervas com cheiro intenso que parecia conduzi-los ao mistério de outros tempos Viram um poço à beira do caminho revestido a pedra, mais á frente passaram por cima de um labirinto de minas desactivadas e fechadas que deixavam adivinhar quanto trabalho por ali passou. Batiam as dez badaladas na cidade que tinham deixado para trás quando alcançaram o sopé do morro. Sem um trajecto defenido romperam colina acima por entre giestas , silvas, pasto e bracejo. Uns pela direita outros pela esquerda galgaram pedras, pedregulhos e atingiram o topo, parecia a invasão do séc.Xl aquando a reconquista cristã, altura em que a linha de conquista do território avançou até ao mondego. Mas naquele domingo eram simples curiosos á procura do desconhecido porque quiseram estar ali para observar quanta beleza perdida, a imensidão do mundo e lá em baixo a aldeia nas margens do rio. Junto ao talefe ficaram de pé virados contra o vento, havia umas arvorezinhas de folhas duras , uns bichitos pretos de carapaça dura e nada mais. Tiraram fotografias,assim ninguém lhes rouba o testemunho da sua passagem.
Depois desceram uns atrás dos outros, voltaram ao mesmo caminho e foram ao encontro dos amigos que os viam aparecer e desaparecer nos recortes de cada curva. .Agora era só descer pela calçada romana.
Contaram mais tarde as aves e os insectos que por lá se falou de muita coisa: da erva do caril, do funcho(erva do aniz), das ervilhas de cheiro , da sopa de urtigas, da madre silva ,um perfume inconfundível. Falou-se do desconhecido, de coisas de outro mundo e ficámos a saber o mesmo. Conversas que não levam a lado nenhum mas com as quais aprendemos algo mais.
Quando entraram no parque havia uma algazarra de vozes , uma azáfama em volta do lume e das mesas. Uma mesa branca comprida reservada áquela malta, uma panela com sopa de grão a ferver, vinho á descrição, pão, presunto , chouriço , rissóis e pastéis para as entradas de um rico almoço. Vieram as travessas de frango assado, morcela , farinheira e salada de tomate .No fim uma deliciosa salada de fruta...Foram tomar um cafézinho e disseram entre si: ” Estava maravilhoso! “
O resto da tarde dividiu-se pelo jogo das cartas, do voleibol, do futebol na areia, das canoas deslizando nas águas da açude, de uma conversa aqui outra ali, etc ...
Quando o sol baixou despediram-se daquela tarde lá em baixo e ouviram alguém sussurrar baixinho: “ Voltem cá outra vez e tragam um amigo...”. Todos ouviram aquela voz e sabem que dias como aquele fazem a diferença nas suas vidas e no seu trabalho.
Àqueles a quem contei esta história tiveram pena de ter trocado aquele domingo por umas horas de sono ou por uns finos na esplanada do café, agora já é tarde... da próxima eles também irão...


Frase do momento:
“ Um dia voltamos cá...”




Maria Matos

MARCHA DE VILA SOEIRO


“De marcha a um passeio inesquecível”

-VILA SOEIRO-CABEÇO DO MEIO-QUINTA DO FOJO-CENTRAL HIDROELECTRICA DO PATEIRO-VILA SOEIRO 02-06-07 (14,2 Km)


Era uma manhã de Junho...Fresca calma e tão silenciosa quanto a montanha que os esperava.
Pararam numa aldeia perdida no tempo no sopé da tal montanha, olharam o cume,uma casa velha lá longe,as árvores e sentiram que estavam prestes a começar a aventura desconhecida.
Era um caminho rodeado de arbustos e plantas verdes tão variadas quanto o pensamento daqueles que caminhavam. Aquele caminho fresco e sombrio terminou e entraram num carreiro devidamente marcado que os levou ao cabo do mundo.
Subiram devagar, pararam e olharam a profundeza que se tornava cada vez mais evidente. Chamaram as plantas pelo nome, sentiram o cheiro inconfundível da bela –luz, falaram do travisco, da pimpinela, do Chá roberto, do serrão- pastor, da erva moleirinha, do cardo de flor roxeada, das urzes, da maia das giestas que deita carraças, das espiguinhas que se ripam da planta e se deitam no corpo de alguém...
Paravam, olhavam o rio, as casas lá em baixo, ouviram o cuco que cantou incansavelmente.
E na casa velha e abandonada! Havia os púcaros, os bancos de madeira, um cântaro de metal cheio de pó, o soalho partido , as divisões de madeira , uns armários de portas abertas. Tudo era tão belo quanto o tempo que os abandonou. E na fonte frente a essa casa! Corria um fio de àgua fresco vindo de uma mina que já se não vê. Ali havia mais púcaros de ferro já partidos, um crivo de um regador enterrado na lama. Pequenas coisas que o tempo abandonou. Eles refrescaram-se, beberam daquela água, lavaram o rosto, sentiram a frescura das plantas tocando o corpo quente. Ali estiveram escassos minutos , descansaram e admiraram a natureza, a verdadeira e pura beleza. Simplesmente incomparável!

Os outros tinham fugido havia já muito tempo, não viram, não sentiram, não puderam comentar aqueles minutos de vida que ali testemunharam a sua passagem. Onde estavam? Lá em cima , já se não viam .

Matou-se um lacrau fêmea e tiraram muitas muitas fotografias.
Quando chegaram lá ao cimo veio o abismo que descia pela montanha e se perdia até ao rio. Atravessaram um planalto cheio de bracejo,de arbustos pequenos e encontraram a primeira pastorinha. Estava escondida , dormindo. Depois mostrou os olhinhos e voltaram a deixá-la na pedrinha aquecida pelo sol, ficou no seu mundo.
Junto ao talefe apareceu uma vassoura de giesta feita por alguém e sentaram-se nos barrocos. Lá longe os outros amigos acenaram mas eles sentaram-se nos barrocos e comeram parte da merenda.
A Guarda ficava na mesma linha do horizonte , assim como tantas outras montanhas que se ligavam entre si até chegarem á Serra da Estrela.
Depois começou a descida, cruzou-se no caminho o bicho colérigo , pretinho de riscas amarelas que nos contou : “ vossos amigos são tão velozes quanto o vento ... passaram e não me viram! “
Então continuaram a descer, cantaram, seguraram-se nas fomengas das giestas, falaram daquelas casas abandonadas tão magnificas como se delas se soltasse o mistério que outrora por lá se viveu. O Mondego lá no fundo rodeado de frondosas árvores, a água transparente e os velozes a almoçar! Ouviu-se um sino que tocou uma serena melodia e ecoou contra a montanha.
Atravessaram um pontão tão rústico, tão velho, de pedra ,madeira e ferro. A madeira desgastada pelo tempo e pelo uso. Sentaram-se e voltaram a abrir as mochilas. Havia um burro, uma cabra e outros cabritos. Mas aquela cabra branca ficou a olhar aquele grupo. Pensou no que faziam eles ali mas não teve resposta. Comeu os caroços das maças e fez um sorriso quando os viu partir. Ela escolheu ficar no silêncio junto ao rio e eles partiram caminho acima.
Quanto mais avançavam maior a dimensão da montanha que ficava paralela do outro lado do rio. Acabou- se o caminho e entraram num carreiro que parecia não ter fim. Atrás de uma encosta desdobrava-se outra. Havia silvas, urtigas ,pica-ratos e muitas canas de bracejo que lhes massajava o rosto e o corpo. O sol tocou-lhes a pele mais que nunca e já não havia brisa de vento , já eram altas horas do dia. Eles perderam-se...!Disseram que não havia saída , esperaram e o “mestre” mostrou-lhes o fim do labirinto.
Ela não olhou para baixo, eram só precipícios do principio ao fim. Descidas a pique ,muitas pedras soltas que rolavam e á beira da vala de água uma profundeza de silvas, de rosas silvestres, de sabugueiro e muitas outras plantas!
No fundo , junto ao rio, as pedras tinham enxofre, os gogos do rio eram brancos e lavados pelas correntes fortes de Inverno. Havia um jardim botânico á esquerda repleto de lindos jarros brancos, uma figueira, uma nogueira, paredes que desenhavam na serra os cômaros outrora cultivados. As águas do rio acompanhavam todos os passos que eles deram . Notava-se ao longe o rasto das àguas turbulentas e do desgaste das rochas. Novamente as casas desmoronadas cheias de arbustos, o cheiro do gado, o foçar dos javalis e quase se avistava o fim. Eles olharam novamente a montanha voltaram a falar da casa abandonada , dos púcaros, da fonte e perguntaram: “ Como é possível, nós estivemos ali! “
Quando pensaram ser o início era o fim. Atravessaram uma fonte, elas ficaram sentadas á sombra e eles chegaram ao fim, onde tudo tinha começado .
As sombras já não estavam no mesmo sítio, os amigos haviam partido há muito.
Sentaram-se nas escadas de uma casa de pedra, descansaram falaram da aventura e também partiram daquela aldeia perdida . Foi fantástico!

Frase do momento:
“ Um dia voltamos cá...”
Maria Matos